O Ocidente ainda não entendeu com quem está brincando.
Enquanto a turma da gravata grita por tarifas e sanções, os chineses estão rindo, e filmando.
No TikTok, a nova diplomacia popular não usa terno nem paletó.
Usa ironia.
Um celular na mão e dois produtos idênticos na mesa: um com marca famosa ocidental, o outro sem. A diferença? O logo. O preço. E o quanto a gente aceita pagar para parecer rico.
Os vídeos são simples: pegam um “Nike genérico” feito na mesma fábrica, com os mesmos materiais, às vezes pelo mesmo trabalhador explorado, e colocam lado a lado com o “Nike original”.
A legenda é sutil como uma marretada: “Você paga pelo logo. O resto é o mesmo.”
E tem idiota que ainda pergunta se isso é verdade.
Como se não soubéssemos, há décadas, que o valor da marca é a maior ilusão do capitalismo tardio.
Mas não para por aí. O recado desses vídeos é geopolítico.
Enquanto os Estados Unidos se afogam na própria arrogância protecionista, a China escancara uma verdade que ninguém no Vale do Silício quer ouvir: o rei está nu, e a roupa dele foi feita em Shenzhen.
As tarifas do Trump são uma piada. O tipo de piada que só faz sentido para quem ainda acha que fabricar um chip, um tênis ou um celular é só uma questão de apertar um botão. Não é. É infraestrutura. É logística. É povo que acorda às 5 da manhã pra montar o mundo dos outros.
Esses vídeos mostram o que Harvard não ensina: que a cadeia de valor global já foi capturada, digerida e ressignificada por quem entendeu o jogo.
Enquanto o Ocidente se apega à mística do branding, o Oriente filma, posta e viraliza o desmonte da fantasia.
É o soft power da nova era: mostrar que você sabe rir da farsa que os outros ainda vivem.
A guerra econômica já começou, e o primeiro míssil não foi um embargo, foi um vídeo curto, legendado em inglês, com trilha sonora debochada, mostrando dois produtos iguais e um mercado inteiro pelado.
A China não precisa declarar guerra. Ela só precisa de Wi-Fi.
IMAGENS.
