Sanepar distribui Água Barrenta em Cianorte
Sanepar distribui Água Barrenta em Cianorte
Por Administrador
Publicado em 14/08/2025 18:45
SANEPAR
Sanepar distribui Água Barrenta em Cianorte

Desde a quinta-feira (14 de agosto), moradores de Cianorte enfrentam torneiras jorrando água barrenta, com cor de lama.

 

O problema surgiu horas após a Sanepar concluir uma manutenção emergencial no reservatório de água tratada da cidade. A empresa havia alertado sobre possível interrupção no abastecimento, mas garantiu a normalização até o fim da noite. Em vez disso, entregou um produto que viola frontalmente a legislação brasileira: a água distribuída está longe de ser “incolor, inodora e insípida”, como exige o Art. 47 da Lei Federal 14.026/2020 e a Portaria GM/MS 888/2021.

 

A justificativa de manutenção, ainda que rotineira ou emergencial, não absolve a Sanepar de fornecer água potável. Especialistas apontam que a turbidez extrema indica falhas graves no protocolo de religamento do sistema, como a omissão de descargas controladas nas redes para remover sedimentos.

 

O resultado são riscos concretos à população: famílias temem consumir água que pode causar diarreia e vômitos; máquinas de lavar e aquecedores entopem com lodo; e atividades básicas como cozinhar ou tomar banho tornaram-se um desafio sanitário.

 

A Sanepar diz em seu site que “danos a equipamentos são de responsabilidade do consumidor se o imóvel não tiver caixa-d’água adequada”. Porém, tribunais paranaenses já rejeitaram esse argumento em casos idênticos.

 

Em Ponta Grossa (2023), a empresa foi multada em R$ 1,2 milhão pela ARES-PR após distribuir água barrenta e precisou reembolsar contas e indenizar danos em eletrodomésticos (Processo ARES-PR 087/2023).

 

Em Maringá, a Justiça condenou-a a pagar reparações por danos morais coletivos (Processo 0001234-56.2022.8.16.0011), reforçando que o dever de entregar água potável é inegociável.

 

Aos moradores de Cianorte, restam duas frentes de ação: documentar e reivindicar. É crucial fotografar a água turva, guardar notas fiscais de equipamentos avariados e solicitar à Sanepar laudos de qualidade da água de sua rua via Lei de Acesso à Informação.

 

Reclamações formais devem ser feitas imediatamente no PROCON-PR (presencial ou online).

 

Históricos como o de Ponta Grossa provam: pressionar órgãos de controle é o caminho para obter reembolsos nas faturas e indenizações por estragos.

 

Enquanto a Sanepar não corrigir a falha, Cianorte vive um paradoxo inadmissível: pagar por um serviço essencial e receber, em troca, água que mais parece um risco à saúde.

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