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Paraná Define Matriz do Novíssimo Ensino Médio, mas Deixa Cursos Técnicos pra Depois
Paraná Define Matriz do Novíssimo Ensino Médio, mas Deixa Cursos Técnicos pra Depois
Por Administrador
Publicado em 19/12/2025 07:54
EDUCAÇÃO
Paraná Define Matriz do Novíssimo Ensino Médio, mas Deixa Cursos Técnicos pra Depois

O governo do estado publicou a matriz curricular oficial do chamado “Novíssimo Ensino Médio”, que começa a valer em 2026. No entanto, a definição veio com uma omissão de alto impacto: as regras para os cursos técnicos integrados, principalmente os ofertados pelos Centros Estaduais de Educação Profissional (CEEPs), não foram detalhadas, gerando incerteza sobre o futuro da formação profissional de milhares de estudantes.

A Instrução Normativa Conjunta nº 015/2025, publicada em 18 de dezembro, estabelece com precisão a grade horária para colégios regulares, cívico-militares, escolas do campo, indígenas, quilombolas e de tempo integral. Todas seguem o mesmo princípio: das 34 aulas semanais totais, 24 são dedicadas obrigatoriamente à Formação Geral Básica (FGB). Isso consome a maior parte do tempo do aluno com disciplinas comuns, como Português, Matemática e os novos componentes obrigatórios de Educação Digital e Educação Financeira.

O Dilema Matemático Irresolvido dos CEEPs -, O problema reside na aplicação desse modelo aos cursos técnicos. A lei federal exige que a FGB ocupe 2.400 horas do curso. Na prática do período regular (6 aulas diárias), isso deixa espaço para apenas 6 aulas semanais destinadas ao Itinerário de Formação Técnica e Profissional (IFTP), conforme demonstram as matrizes publicadas, isso equivale a 1 aula por dia para as disciplinas técnicas…

Para cursos complexos como Enfermagem, Eletrotécnica, Edificações ou Agropecuária – que demandam centenas de horas de prática em laboratório e oficina –, a redução seria drástica. Um curso técnico que hoje tem 1.200 horas de conteúdo específico poderia ver essa carga ser reduzida pela metade ou mais, comprometendo a qualidade da qualificação.

“É um dilema entre a vontade de fortalecer a base comum e a necessidade de manter a excelência do ensino técnico dos Ceeps paranaenses, que são referências nacional”, analisa o professor Stallone Ribeiro.

O Silêncio da Normativa é um Sinal – A ausência de uma matriz específica para os CEEPs na IN 015/2025 não é acidental. Ela confirma que o Estado ainda busca uma solução para este quebra-cabeça. As opções em discussão, segundo especialistas que acompanham o processo, são complexas:

1. Redução Severa da Parte Técnica: Acomodar o Itinerário Formativo Técnico e Profissional nas poucas horas restantes, enxugando drasticamente o conteúdo profissionalizante.

2. Migração para o Híbrido (EaD): Transferir parte considerável da carga horária técnica para o ensino a distância, uma solução logística, mas pedagógica e praticamente controversa para cursos manuais e práticos.

3. Expansão da Carga Horária Total: Seguir o exemplo de estados como São Paulo e ampliar a jornada escolar além das atuais 30 aulas semanais no diurno, o que exigiria grande investimento em infraestrutura e pessoal.

Comparativo com Outras Modalidades – Enquanto os CEEPs aguardam, outras modalidades já têm seu caminho traçado:·

Escolas Cívico-Militares: Seguem matriz própria, com componentes como “Cidadania e Civismo” e o momento diário de “Formatura”.

· Tempo Integral (45h/semana): Têm carga ampliada, podendo oferecer até 25 aulas semanais para os Itinerários.

· Educação Indígena e Quilombola: Possuem matrizes que integram componentes étnicos e culturais, como Língua Kaingang e Afromatemática.

Próximos Passos e Incerteza – A definição final para os cursos técnicos deve sair em uma normativa complementar do Departamento de Educação Profissional da SEED, ainda sem data para publicação. Enquanto isso, diretores, coordenadores e professores dos 24 CEEPs e das centenas de escolas com oferta técnica integrada permanecem em um “compasso de espera”.

A comunidade escolar aguarda para ver se o Paraná encontrará uma fórmula para honrar a lei federal sem esvaziar a formação técnica, ou se assistirá a um inevitável encolhimento das disciplinas práticas e de oficina, transformando a vocação profissionalizante do estado.

Uma 4ª possibilidade é ampliar os cursos técnicos integrados ao Novíssimo Ensino Médio para 4 anos como era antes de 2016, mas este debate é ainda mais complexo. Por isso a espera ansiosa pela definição da Seed PR e do diálogo essencial com o MEC (Ministério da Educação).

Esta reportagem é baseada na análise comparativa doa textos legais da Lei Federal 14.945/2024 e das Instruções Normativas Estaduais 014 e 015/2025, publicadas até 18 de dezembro de 2025.

 

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