Um fato político grave, raro e de enorme repercussão marcou a manhã desta quarta-feira (17) em Pato Branco.
A política de Pato Branco entrou oficialmente em um novo e delicado capítulo. Em um discurso público, firme e cuidadosamente construído, a vice-prefeita Neuza Viganó anunciou o rompimento político com o grupo que comanda o Executivo municipal, declarando que, a partir de agora, seguirá de forma independente.
O gesto é raro, contundente e de alto impacto institucional. Vice-prefeitos dificilmente rompem publicamente com prefeitos durante o exercício do mandato. Quando isso acontece, não se trata de divergência pontual, mas de crise política instalada no núcleo do governo.
Em sua manifestação, Neuza deixou claro que a decisão não foi impulsiva. Segundo ela, houve reflexão, diálogo e tentativas de construção interna, todas frustradas. O rompimento ocorre, de acordo com a vice-prefeita, porque os rumos adotados pela atual condução do Executivo se distanciaram profundamente daquilo que foi prometido à população durante a campanha eleitoral.
“Permanecer em silêncio ou compactuar com aquilo em que não acredito seria trair meus valores e a confiança da população.”
A declaração marca o ponto exato em que a vice-prefeita se descola politicamente do governo e transfere, de forma clara, a responsabilidade das decisões ao grupo que hoje concentra o poder.
SAÚDE COMO PRINCIPAL SÍMBOLO DO DESALINHAMENTO
O eixo mais sensível do discurso foi a saúde pública. Neuza Viganó afirmou que a área não vem sendo tratada como prioridade absoluta, relatando filas, demora na realização de exames, dificuldade para consultas, falta de atendimento e de medicamentos.
A vice-prefeita foi ainda mais direta ao afirmar que promessas feitas em campanha, como o programa “remédio em casa”, não saíram do papel, evidenciando um descompasso entre discurso eleitoral e prática administrativa.
A crítica ganha peso político adicional por partir de alguém que esteve dentro da gestão e acompanhou de perto a tomada de decisões.
AÇÃO SOCIAL SEM VOZ E SEM PRIORIDADE
Outro ponto central do pronunciamento foi a situação da ação social. Segundo a vice-prefeita, a área historicamente ligada à sua atuação esteve distante de qualquer possibilidade real de decisão ao longo de 2025.
Neuza afirmou que famílias em situação de vulnerabilidade, crianças, idosos e pessoas que dependem do poder público ficaram à margem das prioridades da administração. Para ela, tratar a ação social como algo secundário ou administrá-la de forma interina representa uma falha grave do Estado diante de quem mais precisa.
CRÍTICA DIRETA À CONDUÇÃO DO GOVERNO
O discurso avançou para uma crítica estrutural ao modelo de gestão adotado. A vice-prefeita afirmou que não há mais sintonia entre sua visão de gestão pública e as decisões que vêm sendo tomadas.
Em um dos trechos mais duros de sua fala, Neuza apontou falta de pulso para liderar, falta de firmeza para corrigir rumos e a existência de um grupo isolado que não escuta a cidade, deixando claro que o problema não é pontual, mas sistêmico.
ROMPIMENTO FORMAL E SEM VOLTA AO SILÊNCIO
O momento mais decisivo do discurso veio com a confirmação pública do rompimento político:
“A partir de hoje, sigo de maneira independente, mantendo meu mandato e meu compromisso com a cidade, mas sem integrar o grupo político atual.”
A frase redefine completamente o cenário político municipal. O Executivo perde o discurso de unidade e passa a conviver com uma dissidência interna de alto nível, vinda da própria vice-prefeita.
Importante destacar: o pronunciamento não traz ataques pessoais, acusações jurídicas ou denúncias criminais. Trata-se de um rompimento político, institucional e ético — o que reforça sua credibilidade e amplia seu impacto.
IMPACTO IMEDIATO E REPERCUSSÃO POLÍTICA
Nos bastidores, a avaliação é de que a gestão entra oficialmente em estado de fragilidade política. Qualquer tentativa futura de minimizar problemas na saúde, na ação social ou na condução administrativa passa a esbarrar em um fato incontornável: a crítica partiu de dentro.
Além disso, o gesto da vice-prefeita tende a estimular novas manifestações de insatisfação, inclusive entre aliados, vereadores e servidores que até então se mantinham em silêncio.
QUEM É NEUZA VIGANÓ E POR QUE SEU GESTO TEM PESO
Neuza Viganó não é uma figura improvisada no cenário político de Pato Branco. Trata-se de uma liderança construída ao longo de décadas, com forte presença social e reconhecimento público consolidado, especialmente na área da ação social, onde criou vínculos reais com a população e uma relação de confiança que atravessa gerações.
Em disputas anteriores, o atual prefeito Geri Dutra tentou se viabilizar politicamente sem sucesso. Faltava força eleitoral suficiente para superar seus adversários diretos naquele momento. Não se tratava apenas de projeto ou discurso, mas de base política, capilaridade social e capacidade real de virar uma eleição.
Esse cenário muda de forma decisiva em 2024.
Ao integrar o grupo político como vice-prefeita, Neuza Viganó trouxe consigo um capital político próprio, construído ao longo de anos de atuação direta com a comunidade, especialmente junto às áreas mais sensíveis do município. Sua entrada na chapa não foi simbólica: foi estratégica e determinante.
Foi a presença de Neuza, seu nome, sua história e sua credibilidade que deram sustentação social à candidatura e permitiram a virada do jogo eleitoral. Sem a sua força política, seu reconhecimento público e sua capacidade de diálogo com a população, o resultado de 2024 dificilmente teria sido o mesmo.
Neuza Viganó carrega algo que não se improvisa nem se transfere: experiência, vivência administrativa e autoridade moral. Em um ambiente político marcado por improvisos, decisões fechadas e isolamento do núcleo de poder, ela representa a política construída com serviço público, responsabilidade e compromisso real com as pessoas.
Seu posicionamento recente apenas confirma essa trajetória. Ao romper publicamente, com serenidade, firmeza e coerência, Neuza demonstra que não ocupa cargo por conveniência ou submissão política, mas por fidelidade à própria história e à população que sempre esteve ao seu lado.
Por isso, seu gesto não é pequeno. Não é protocolar. Não é circunstancial.
É um movimento com peso político real porque vem de quem foi decisiva para chegar até aqui.
IMPACTO POLÍTICO E NOVA FASE NO EXECUTIVO
O gesto de Neuza Viganó não é comum, não é pequeno e não é neutro. Trata-se de uma ruptura que expõe que a crise no governo não é apenas externa, mas interna, estrutural e profunda. Quando a vice-prefeita figura decisiva para a vitória eleitoral rompe publicamente, o problema deixa de ser discurso e passa a ser fato político incontornável.
A partir deste momento, o governo de Pato Branco perde o conforto da unidade e entra em um terreno instável, onde decisões, prioridades e falas oficiais passam a ser confrontadas pela realidade exposta por quem esteve dentro da gestão.
Em política, há sinais que não podem ser ignorados. Quando uma liderança com a trajetória, a experiência e o peso eleitoral de Neuza Viganó decide romper o silêncio, o recado é claro: algo saiu do rumo e não foi por falta de aviso.
O que se abre agora não é apenas um novo capítulo.
É um divisor de águas na política de Pato Branco.
Por Gustavo, Redação Portal Verdades.