O CRIME ORGANIZADO USA GRAVATAS.
Há quem repita que o Brasil está “dominado pelo crime” olhando apenas para a favela, o fuzil e o jovem armado. A prisão do desembargador federal Macário Júdice Neto desmonta esse conforto. O crime realmente organizado não vive na favela, mas circula por gabinetes com ar-condicionado, usa gravatas, tem toga, mandato e cargo público.
Executivo, Legislativo e Judiciário aparecem acusados de relações promíscuas com facções e milícias. Vazamento de informações, blindagem política, interferência em investigações. O verdadeiro poder do crime não está na boca de fumo, mas na caneta, no orçamento e no acesso a segredos do Estado.
Não é que o Estado perdeu para o crime. Partes dele decidiram conviver, negociar e trabalhar para o crime. O bandido mais perigoso não é aquele que corre das autoridades, é o que janta com elas e dorme tranquilo porque sabe, antes de todo mundo, quando vai rolar um toc-toc-toc na sua porta.
